Além de uma obra fundamental sobre o Brasil, 'Casagrande' e 'Senzala', Gilberto Freyre escreveu também sobre as casas mal assombradas do Recife.
Isso mesmo: casas mal assombradas, aparições, que os turistas podem conhecer agora na Casa Museu Magdalena e Gilberto Freyre.
O cenário é a Vivenda de Santo Antônio e a visita começa nos jardins.
Para cada visitante uma vela. Todos com muita tensão, quase em silêncio olham para tudo, desconfiados.
Eles são guiados pelo velho Zuavo, acendedor de lamparinas, sabedor de coisas. Nesses encontros dos curiosos com as coisas do além, são os monitores da casa Museu Madalena e Gilberto Freyre que fazem a recepção.
A história dessa noite no museu começou faz tempo em 1929. Gilberto Freyre era o diretor do jornal 'A Província', do Recife.
Um dia foi procurado por um homem com um pedido inusitado. Queria que ele, Freyre, falasse com o chefe da polícia para acabar de vez com as assombrações que andavam atormentando a vida do sujeito.
Gilberto Freyre decidiu escalar um repórter para investigar os malassombros do Recife velho, que viraram livro, publicado somente em 1955, onde foi incluído um inventário de 12 prédios habitados por forças sobrenaturais.
"O desafio é transferir o imaginário dos anos 40, 50 para as novas gerações e mostrar como foi importante para Gilberto Freire fazer esse registro", afirma o coordenador do projeto, João Freire Neto.
O casarão onde o sociólogo Gilberto Freire morou por 40 anos com Dona Madalena e criou os dois filhos tem todos os móveis e objetos preservados. É como se ele ainda vivesse aqui.
Viver as descobertas de Freyre nesse assustador Recife assombrado somente uma noite por mês. É pegar ou largar.
"Eu achei fantástico transpor o universo literário de Gilberto Freyre para dentro da casa onde ele viveu", afirma o advogado, Daniel Barreira.
A censura é livre e não há como não sair daqui com histórias para alimentar muita conversa por aí.
"Eu vou contar que eu fiquei com medo porque no início eu ouvi um barulho, como se tivesse quebrando as coisas.
Aí apareceu o papa-figo, as outras pessoas, aí dava um pouco de medo", conta Maria Luiza Leitão, de 11 anos.
Fonte: G1/arquivosdoinsolito