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O Último Fenício VIII


VIII

   As pálpebras pareciam queimar ante a claridade intensa. Abriu os olhos forçosamente e com certa dificuldade. Não sabia bem onde estava; mal distinguiu um corredor. Levantou-se trôpego e resfolegante. A vista embaçada divisou uma figura que, pouco a pouco, foi tomando alguma forma mais definida e assim pôde perceber de quem se tratava – ''não é possível!'' – balbuciou. Só lhe tinha vaga lembrança, mas conhecia seu rosto por fotografias, onde posava ao lado da mulher mais importante de sua vida: seu pai ali estava, de pé, com o cenho franzido, apontando uma pistola. Antes que fizesse qualquer movimento, ouviu-se um estampido e a arma disparou – a bala atravessou Nikola e atingiu a parede no outro lado. O rapaz aturdido não sentiu dor, tampouco sofreu qualquer ferimento. Todavia, a superfície caiada exibia um orifício e dele um líquido escuro escorreu – o sangue descia pela parede sem cessar. Um grito invadiu o ambiente, logo acompanhado de um choro estridente. Nikola, entendendo mal o que se passava, tentou correr naquela direção, escorregando no sangue, já espalhado pelo chão, transformando-se em jorro, subindo rapidamente e sufocando o rapaz.
   Tudo se deu muito rápido – a cena, transcorrida em segundos, durou horas para Maurice e Christian que não mais sabiam o que fazer. Nikola recobrou a consciência de seu corpo embebido nos calores de transpiração. Depois de reconhecer o quarto e mexer cada membro, levantou o braço e segurou firmemente a mão do francês.
-Maurice, eu vi!
-Viste a entrada? O tesouro?
-Não, não, não! Eu vi meu pai!
-Teu pai?
-Sim, meu pai! Os sonhos não diziam respeito à Helga, Maurice! Os sonhos falavam de minha mãe e meu pai!
-E como se mal os conheceste?
-Meu avô mentiu, meus pais não morreram em um naufrágio! Meu pai matou minha mãe e emparedou seu corpo na antiga casa em que morávamos. Mesmo assim, o crime foi descoberto. Ele tentou fugir, mas foi preso e morreu na cadeia! Era ela quem gritava nos sonhos, era ela quem pedia para sair de lá, suplicando pela vida! E eu a tentava salvar! – Nikola estava consternado e chegou a derramar algumas lágrimas. Pediu um pouco de água e, em seguida, prosseguiu: - isso tudo me fez lembrar Helga... Como ela me faz falta!
-Nós pensamos que foste morrer! Teu coração parecia querer parar! Lembras de algo que viste lá na pedra?
-Não, nada...
-Olha, Nikola – interrompeu Christian – se dependesse desse aí, tu terias morrido. Não sei que médico é esse que, ao invés de salvar o moribundo, leva as mãos à cabeça e reza a Deus! Fala para mim, Maurice, és mesmo médico?
-Estás falando do quê? Logo tu que fugiste da Inglaterra por medo de te pegarem e condenarem à forca!
-Não comecem a trocar acusações novamente, por favor! – Nikola recuperava o rubor dos lábios.
-Afinal, quem é essa tal Helga, hein?
-Helga era o nome utilizado por uma jovem condessa da Áustria nas cartas que enviava à Nikola. Chamava-se Amália e se envolveu com ele durante nossas apresentações em Viena – iniciou Maurice.
-Hum, uma jovem condessa austríaca e um judeu? Parece um desses romances para moçoilas!
-Sim, eles se encontravam às escondidas, mas ela era prometida a um oficial da Hungria, quatorze anos mais velho. Os dois ficaram noivos e a cerimônia de casamento, marcada para um ano depois, teria reunido toda a nobreza austro-húngara não fosse a morte trágica de Amália...
-E como ela morreu?
-Assassinada! O futuro marido a matou! – Neste ponto, Maurice fez uma pausa, pois Nikola aparentava querer desmaiar novamente. 

***

   Nikola recebeu um pequeno bilhete das mãos de uma criada, enviada especialmente para aquela missão. “Meu noivo irá para Budapeste, venha me ver, hoje à tarde, na casa de campo nas cercanias de Viena. A portadora do bilhete lhe dará a direção. Tua H.’’ – assim dizia o papelucho de cor amarela. O rapaz sentiu o perfume de sua amada naquelas breves linhas. Seu coração palpitava e mil cores construíam, em sua retina, um futuro a dois, bem longe dali, distante de convenções e de palácios, onde pudesse dar azo ao seu amor. Imaginava-se, ao modo das antigas novelas de cavalaria e matiz homérico, desbravando mares, matando criaturas pavorosas, lutando contra exércitos inteiros para resgatar sua doce Amália. E o mel que vinha feito maná através de pensamentos, enternecia-lhe e dava a esperança de uma emoção que jamais experimentara.
   Debaixo do sol vespertino, selou o cavalo e, agitando todas as folhas ressecadas do caminho, galopou em desabalada carreira pelo bosque, dourado àquela hora, para simplesmente encontrar sua amada. Foi achá-la em um amplo cômodo, vestida em seda branca, de quem os cabelos negros emolduravam a pele alva e as duas safiras rutilantes que lhe incrustavam a face. Tocaram-se com o beijo supremo dos apaixonados, há muito separados, felizes pelo reencontro. Os braços cingiram o corpo um do outro; a brisa que trazia o canto dos pássaros pela janela, envolvia-os na aura natural de anjos e estrelas que só o amor verdadeiro conhece. Todavia, como os ditames do destino são muitos e misteriosos, os quais ora afagam e logo nos arremetem contra um muro intransponível; a ventura brevemente se dissipou – o oficial húngaro, noivo de Amália, abriu a porta do quarto repentinamente e flagrou Nikola junto da moça.
-Desgraçada! Então era com esse judeu que te amasiavas?  - Uma cena dramática teve lugar: Nikola tentou impedir que o oficial agredisse a chorosa Amália e terminou por levar um soco. Movido pelo ciúme, o noivo traído puxou de uma pistola: - o nome de minha família não será motivo de achincalhe no Império. Ah, judeu, farei com que conheças o teu lugar! – Amália, agarrada às botas daquele homem, implorava que não o matasse: - matá-lo? Não! Ele irá para a cadeia... Sob a acusação de ter assassinado uma jovem condessa austríaca! – Dito isto, encostou o cano da arma no alto da cabeça dela e atirou. O corpo caiu de lado – Amália estava morta. 

Continua...

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Caso do Engenho da Rainha

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O Último Fenício VII


VII

   Um mosquete, uma mula e uma garrafa de aguardente foram as únicas coisas que conseguiram angariar com os parcos recursos que tinham. Retornaram ao cubículo do Morro do Castelo para planejar toda a ação. Maurice e Christian esperavam encontrar ouro suficiente para comprar toda a Armada de Filipe II. O inglês desenrolou um antigo mapa que mostrava o caminho da Pedra do Imperador, mas estava aborrecido por não poder montar uma grande expedição.
-E para quê? – Perguntava Maurice – Falas como se a intenção fosse desbastar as selvas do Congo. Mal passaremos uma noite lá.
-Isto se nada encontrarmos... Pensaste na possibilidade de todo aquele tesouro? Como faríamos para descê-lo de lá? Para isso precisaríamos de um contingente suficiente de braços para carregar os baús e...
-Não, isso não! Assim que puserem o olho em todo aquele ouro, roubarão para si. Christian, não nos pode faltar sequer uma moeda, entendeste?
-E como pretendes sair de lá? Voando?
-Deixemos para nos preocupar com isso depois. Conte-nos tudo o que sabe sobre a tal montanha!
-Bem, uma pequena expedição subiu lá em 1839, mas nada constatou que confirmasse a presença efetiva de fenícios. A desconfiança surgiu a partir de um painel gravado com sulcos estranhos que bem podem ser a língua dos antigos habitantes de Cartago.
-E como obteve o mapa e o desenho? – Inquiriu Nikola, interrompendo o silêncio que mantinha desde o retorno.
-Eu sei que não é nada nobre o que fiz, mas... Eu os roubei de um amigo meu em Londres. O pai dele esteve no Brasil, quando ainda era jovem, por volta de 1815 e parece que essa lenda já corria... Ele subiu lá, fez o mapa e o desenho da Pedra... Porém, nada, nada de tesouro.
-Ah, a perspectiva de lucrar fácil foi mais forte do que tua amizade, não? – Ironizou Maurice.
-Ora, cala-te, miserável! Não podes apontar-me o dedo... O que dizer da tua atuação com esse daí na Europa, hein?  
-Chega! – Nikola falou em tom contundente – então fica decidido que partiremos amanhã?
-O quanto antes, meu caro mestre! Não quero deixar um dia a mais aquele tesouro a mercê de qualquer outro aventureiro! – Respondeu Maurice.
-Então deves me magnetizar para que eu, em desdobramento, possa localizar a passagem, se é que existe alguma!
   Nikola recostou na cama de lençóis ensebados do cortiço e logo Maurice aplicou-lhe passes magnéticos. O judeu experimentou, gradualmente, uma sensação de leveza incomum: braços e pernas assemelhavam-se a plumas, passando a levitar – percebeu que estava fora do corpo. Inopinadamente, atravessou o teto com facilidade e, uma vez no alto do prédio, desintegrou-se, tomando novamente sua forma espectral acima daquele gigante bloco coberto de vegetação.
-Posso ver com meus olhos etéreos – dizia mecanicamente a boca carnal que ficara no quarto – e... Existe... Existe uma passagem no cume... Um portal... Eu vejo...
-Vá até lá, tente entrar! – Ordenou o francês.
-Não... Não posso!
-Tente!
-Não, não posso... Não posso chegar lá... Uma... Uma força me impede... Não deixa...
-Ora, é claro que deixa! Tens poder suficiente para isso! Ande, veja se lá há algum tesouro!
-Não deixa... Não deixa... – Nikola começou a se debater e a transpirar – preciso voltar, preciso voltar! – Não disse mais nada, apagou completamente.
   Maurice tentou reanimá-lo, ainda despejando o conteúdo de um jarro no rosto de Nikola. Malogrados os meios de acordá-lo, Maurice verificou os batimentos de seu coração – quase não se ouviam. 
-Meu Deus! - O francês colocou as mãos nas têmporas - Nikola está morrendo!

Continua...

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Angelologia - O Conhecimento dos Anjos


Este é o romance de estreia de Danielle Trussoni, best-seller do New York Times. Como a maioria dos livros que estouram na midia internacional, ele arremessa uma série de informações, sem a preocupação de fazer-se entender ou justificar. Assim como "O Código Da Vinci", "Angelologia" fala sobre assuntos extremamente polêmicos dentro da cultura religiosa, sem a preocupação de prová-los. Seu único objetivo e externá-los. Assim derrama informações sobre o Livro de Enoque, queda de anjos, seus filhos com os humanos "Os Nefilins" e sua árvore genealógica através de gerações. De qualquer forma, é interessante para aqueles que não sabem nada sobre Teúrgia Angelical começarem a se familiarizar sobre o assunto. Voce será apresentado a diversas teorias de forma muito sintética, e pode pesquisar sobre aquelas que despertarem a sua curiosidade. Vale a leitura!

SINOPSE OFICIAL:
Desde o início dos tempos que os nefilins, a raça que descende de anjos e humanos, procura dominar a humanidade semeando o medo, provocando guerras e infiltrando-se nas mais poderosas e influentes famílias da história. Apenas a sociedade secreta de angelologistas, com os seus conhecimentos ancestrais, tem conseguido detê-los. Agora, a Irmã Evangeline do Convento de Santa Rosa, no estado de Nova Iorque, está prestes a juntar-se a eles. Mas conseguirá ela resistir ao imenso poder dos nefilins e evitar o apocalipse? Uma narrativa vigorosa, complexa e inteligente que funde elementos bíblicos, míticos e históricos e envolve o leitor da primeira à última página.

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Presença Demoníaca

Mais um bom vídeo da série assombrações para os amantes do mal assombrado!







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O EXPRESSO - RJ (31/10/2010)

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Trailer do longa nacional - MEIA LUZ

Entre Agosto e Setembro deste ano, o Projeto Neblina participou da produção do longa metragem nacional MEIA LUZ, que mostra uma pesquisa de campo realizada por um grupo de jovens tendo como pano de fundo uma lenda urbana da cidade de Batatais, interior de São Paulo.
Durante as gravações, o Projeto Neblina cedeu equipamentos de pesquisa e prestou a consultoria necessária para o seu uso, bem como os procedimentos de campo adotados em uma investigação real.

O filme conta com a direção de Rogério Takashi e produção executiva de José Adalto Cardoso, e sua estréia está prevista para Janeiro de 2011.



Mais informações sobre a produção em:
http://www.silviafilmes.com.br

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Assombrações - Caça Fantasmas

Como na nossa enquete em primeiro lugar está o menu mal assombrado e em segundo lugar nossos casos, nesse programa da Discovery estamos juntando o útil ao agradável. Um grupo de investigadores em Nova York se envolve em uma situação difícil! Confira...











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Construindo os Equipamentos do Projeto

Adaptação de câmera convencional para captação de imagens em ultravioleta.












Foi utilizada neste processo uma webcam comum, com 2.0 megapixels de resolução. Câmeras muito simples como essa não possuem filtros internos, esses filtros geralmente são substituidos por um pequeno vidro que funciona como uma espécie de prisma. O procedimento consiste na retirada deste vidro, fazendo com que a câmera "enxergue" todas as faixas do espéctro de cor. Em seguida é colocado um filtro no conjunto ótico que impede somente a passagem da luz visível (e neste caso, devido a uma limitação do conjunto ótico, o filtro também bloqueia frequências muito baixas como o infravermelho), fazendo com que ela esteja habilitada para captar apenas a luz ultravioleta.

Ainda existe um problema neste protótipo: Por se tratar de uma webcam, ela precisa estar sempre ligada à um notebook para gravar imagens, o que limita muito o seu movimento. Mas já estão sendo estudadas soluções de adaptação para câmeras maiores. Os próximos testes serão realizados em breve com uma Canon A430 de 5.0 megapixels.


Aguardem...

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Mansão Winchester

Winchester Mistery House

   A Mansão Winchester até hoje desperta a curiosidade do grande público por sua arquitetura peculiar, a função excêntrica de suas instalações e pelas histórias que a cercam. As obras se iniciaram em 1884 e só terminaram em 1922, por ocasião da morte de sua proprietária. Ao todo são 160 salas, 40 quartos, 47 lareiras e 10 mil janelas aproximadamente, planejados durante 38 anos de construção ininterrupta.

Sarah Winchester (1839-1922)

   Sarah Lockwood Pardee nasceu em Connecticut, Nova Inglaterra, Costa Leste dos Estados Unidos. Em 1862, contraiu matrimônio com Willian Wirt Winchester, cujo pai era proprietário da maior fábrica de armas de então: Winchester Repeating Arms Company. Seus rifles se difundiram por terem disparos repetidos, diminuindo os intervalos de recarga. O primeiro desses rifles foi apelidado como 'Yellow Boy', desenvolvido em 1866, somente superado mais tarde pelo modelo de 1873, conhecido por ser ''A Arma que Conquistou o Oeste''. Willian e Sarah tiveram uma menina naquele ano de 1866, mas, devido a uma doença de nome marasmo - provocada pela deficiência de proteínas no organismo; faleceu semanas após. Em 1881 foi a vez do marido de Sarah,vítima de tuberculose. Willian deixou-lhe uma soma considerável, de maneira que Sarah passou a ter um rendimento diário de $ 1.000 dólares (perto de $ 22.000 nos valores atuais).

O rifle apelidado de 'Yellow Boy' por causa do receptor de latão

   As perdas da filha e do marido (fotografia ao lado) exerceram forte impressão sobre Sarah. Ambos teriam sucumbido por causa de uma maldição gerada a partir das inúmeras almas de pessoas mortas pelos tais rifles, segundo um médium de Boston, e o único meio de Sarah livrar-se dela seria construir uma casa para abrigar estes almas - com um detalhe: Sarah jamais poderia parar a obra ou ela também morreria. Sarah Winchester iniciou a procura pelo local ideal, confiante que os espíritos a guiariam, e foi achá-lo em San José, cidade da Califórnia.


A Mansão Winchester antes do terremoto de 1906

   A mansão começou a ser erguida em 1884 por operários que trabalhavam durante 24 horas sem parar. Sarah concebia o projeto durante o sono e, no dia seguinte, mostrava ao encarregado responsável por executá-lo. Caso não ficasse como o desejado, Sarah mandava derrubar e refazer. O desenho dos cômodos eram, de acordo com a lenda, indicações dos próprios espíritos. Ali há escadas que dão em nenhum lugar, portas falsas, fossos e corredores labirínticos que serviriam para despistar entes malévolos que porventura viessem a perseguir a milionária. Sessões misteriosas começavam à meia-noite em um quarto azul, onde ninguém estava autorizado a entrar, e terminavam por volta das duas da manhã com o soar de um sino. O terremoto de 1906 fez ruir os três últimos dos sete andares já erguidos. Sarah atribuiu a causa à irritação dos espíritos, provocada pelo fato dos construtores perderem muito tempo nos cômodos dianteiros.
   Sarah morreu em 1922, e a mansão pôde ser terminada, pondo fim a 38 anos de uma obra que mais parecia fruto de uma mente perturbada. A casa virou atração turística, e quem estiver interessado pode consultar a página oficial para melhor conhecer a história, ver fotos e assistir os vídeos disponibilizados.
Basta clicar no endereço abaixo:
http://www.winchestermysteryhouse.com/

Há também uma curta reportagem do Fantástico sobre a Mansão Winchester logo abaixo:




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O Último Fenício VI


Capítulo VI

   Nikola descia o morro apressadamente, vítima do torvelinho de pensamentos que o deixavam mais confuso. Parou, entretanto, abruptamente quando finalmente caiu em si – como retornar para casa? Os custos da viagem ficaram a cargo de Maurice e não possuía quantia suficiente que valesse um lugar em qualquer navio. Cansado, cedeu às pressões do corpo e sentou-se no meio do caminho, sob os olhares curiosos dos passantes. O sol mal começara sua marcha descendente nos céus. O branco das moradias saltava às vistas. O ar quente soprava. Não havia nuvens na paisagem magnífica descortinada lá do alto – as ondas douradas no mar, a silhueta da serra verdejante e a cidade inteirinha adiante. Contudo, dentro de Nikola, era noite fechada. Viam-se lumes perderem-se nas trevas de sua consciência. E mais uma vez chorou. Por que dar ouvidos a um homem como Maurice? O que buscar em terras tão longínquas? Lembrou-se de Amália, da imagem enternecedora que aquecia seu coração; e de sua mãe, cujo desaparecimento fora explicado como tendo sido por motivo de um naufrágio no Adriático, onde sucumbira junto a seu pai. Enfiou a mão no bolso do colete e retirou uma carta, a última carta que Amália lhe escrevera com o pseudônimo de Helga.
   Viveram um romance intenso por meses a fio. Ela o encontrava nas sessões em Viena, depois fugiam para algum quartinho obscuro e lá davam asas à sua paixão. Mesmo quando andavam pelos arredores, ou viajavam para cidades mais distantes, Amália arranjava artifícios para os acompanhar. Coisa esta muito difícil de manejar, porquanto uma moça de apenas dezoito anos e de origem nobre não andasse por aí desacompanhada. Para tanto concorreu uma prima bem próxima, sua confidente, que fazia as vezes de carteiro levando e trazendo as cartas de ambos. As lágrimas de Nikola pintalgaram aquela missiva agora amassada. Respirou fundo, levando as letras ao peito – “sinto-me só sem Amália e sem... Sem minha mãe’’. Algum outro sentimento o invadiu inopinadamente e, como se bebesse de águas tenazes, assaltou-lhe uma tal ambição, nascida de uma tímida revolta interior por perdas tão drásticas. Talvez, a única coisa que desse algum sentido à sua vida agora fosse mesmo aquele tesouro. Ficaria rico e mostraria para Belgrado, para o Império e para a Europa que não era um caixeiro reles, que tinha a nobreza que qualquer fortuna pode comprar. Ergueu-se e tomou  o rumo de volta ao cortiço.
   Lá chegando, viu a senhoria na porta do quarto onde deixara Maurice e Christian. Um barulho de coisas quebrando e gritos denunciavam uma luta corporal. Nikola forçou a entrada e viu que os dois homens se socavam: – basta! – gritou. Maurice e Christian pararam ante a aparição do judeu – eu resolvi acompanhá-los.
-Graças a Deus, mestre! Excelente resolução! – Exclamou Maurice.
-Ah, vejo que foste picado daquele mosquitinho a que todos os homens se rendem... – Christian tentou insinuar algo.
-Não sei de que mosquito falas, tampouco me interessa. Devo admitir que a promessa de fortuna fácil me conquistou. Subamos, pois, ao tal monte, repartamos o tesouro e vamos cada um para seu canto... Espero que, após esta pequena aventura, jamais torne a vê-los!
-Mas, mestre, o que o fizeste mudar de idéia?
-Não importa. O que importa é que tentarei descobrir a passagem, claro, se estiveres disposto a me magnetizar.
-Devemos acertar tudo; temos que conseguir transporte, víveres, alguns homens, armas... Ah, e o mais importante: alguém que conheça o caminho! – Disse Christian.
-Como? Não conheces o caminho? Ora, seu infeliz! – Maurice parecia querer recomeçar a contenda.
-Melhor sairmos logo para providenciar tudo. Até porque, a briga dos dois já chamou muita atenção e não é bom que pessoas além de nós saibam que vamos atrás de um tesouro perdido – Nikola adotou um aspecto grave, próprio dos dias nebulosos anteriores.
   Uma vez na rua, Maurice e Christian falavam alto entre si, e Nikola os seguia um pouco atrás morro abaixo. Foi quando sentiu alguém lhe tocar. Ao voltar-se, viu um velho, provavelmente escravo, baixo e de vestes surradas; a barba e o cabelo estavam alvejando e as mãos grossas seguravam um cachimbo.
-Seu moço, escuta nego véio que já viu tudo nessa vida. Ocê num confia nesses tar homi, não. E nem deixa que coração de moço fique cheio de coisa ruim.  Moço é bom e esses homi aí não vale o prato em que comero. Vá embora, seu moço, volte pra sua tera de orige, que se nego véio pudesse vortá pra dele, morreria muito feliz!
-Ora, mas quem é o senhor?
-Nego véio tem mais algo pra dizer. A moça que moço vê quando drome não é moça que moço amou lá na tera d’ocês. É outra moça inda mais fromosa, mas que moço não conheceu – Nikola permaneceu calado, algo aturdido com as palavras daquele homem. Maurice chamou por ele e, quando deu por si, o velho havia desaparecido.
-O que foi, Nikola? Estás aí olhando para o nada?
-É que... Não viste o...
-Vi o quê?
-Nada, nada, não! – A figura daquele velho impressionara Nikola que não mais logrou apagá-lo de sua mente pelos dias subseqüentes.

Continua...

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LENDAS DE SANGUE - O Vampiro na História e no Mito


Diante de tantos vampiros bonzinhos e galãs, vampiros de energia e um verdadeiro universo fictício sobre vampirismo, cabe a indicação de um livro onde o tema é abordado de forma séria. Nesse livro, os autores romenos Flavia Idriceanu e Waine Bartlett, separaram o que é lenda histórica, cinematográfica e literária, dos estranhos relatos e depoimentos da polícia medieval e contemporânea, em diversos pontos da Europa, sobre vampirismo. Uma descrição bastante diferente do que conhecemos hoje sobre estes mortos-vivos. Um outro ponto importante é que o livro reune relatos em diversas culturas sobre atividades similares ao vampirismo, ao longo dos tempos. Cada cultura tem seu próprio vampiro. Meio gente, meio demônio.

Boa Leitura!

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O Último Fenício V



Capítulo V

   Nikola Koen recebeu uma educação esmerada e por causa do ofício exercido a partir dos quinze anos, aprendeu diversas línguas do Velho Continente. Entendia o francês, o inglês, o grego, espanhol, algo do português, alemão, além do hebraico. Viajou por muitas cidades européias negociando os tecidos fornecidos por seu avô e, em passagem por Viena, por motivo de cobrança a um comprador recalcitrante, passou diante de um salão cuja placa em sua entrada dizia haver ali apresentações de outro mundo. O jovem sempre fora perscrutador, interessado nas ciências e vivia às voltas com livros de História, Botânica, Cabala, Alquimia e tudo o mais que havia na pequena biblioteca de Ivo Koen. Portanto, o anúncio chamara a sua atenção e logo adquiriu um ingresso para ver o que tinha ali de tão extraordinário. Vários assentos de madeira estavam voltados para um tablado, em cima do qual havia uma mesa e cinco cadeiras. Quase todos os lugares estavam ocupados e, por sorte, Nikola conseguiu sentar-se na primeira fila. Em seguida, um homem alto, de cabeleira negra revolta, aparentando aproximar-se dos trinta, fez sua entrada e, dirigindo-se ao público, falou:
-Senhores, muito boas tardes! Trouxe-vos uma apresentação que há muito faz sucesso em salões de Paris: as mesas que giram. Hoje tereis a prova de que existe outro plano, o plano para onde pessoas, outrora habitantes desta Terra, se encaminham após a morte! Eis, senhores, a oportunidade que tendes de comunicação com entes queridos e para tanto precisarei de quatro voluntários – quem gostaria de participar?
   Três homens levantaram a mão e, após um breve silêncio, Nikola decidiu-se participar também daquela demonstração. Sentaram-se em redor da mesa circular e repousaram suas mãos abertas sobre a superfície. O diretor da sessão fez algumas invocações – talvez o apoio de voluntários servisse para demonstrar a autenticidade das manifestações; a mesa não se moveu nos primeiros vinte minutos. Quando, enfim, fez um leve movimento, Nikola sentiu um mal-estar e seu corpo estremeceu de modo a atirá-lo ao solo, como em um ataque de epilepsia - perdeu os sentidos. Despertou passado um quarto de hora quando lhe deram alguma substância para inalar.
-O senhor está bem? – Perguntou o que dirigira a sessão.
-Eu... Eu estou... O que houve?
-O senhor teve um ataque dos nervos. Bem, eu não chamaria assim depois do que vi...
-Quem é o senhor? – Perguntou Nikola tentando firmar as vistas.
-Sou Maurice Corbeau, magnetizador. É um prazer conhecer alguém com o seu dom! Foi uma materialização impressionante!
-Materialização?
-Sim, o senhor desmaiou e começou a expelir ectoplasma; mas não durou muito tempo, o suficiente para vermos, admirados, um rosto feminino formar-se no ar!
   Este breve episódio deu-se sete anos antes, em 1864, e dali os dois partiram por toda a Europa. Nikola confessou a Maurice que, desde tenra idade, via e ouvia coisas dentro de casa, tinha sonhos misteriosos, mas que nunca ocorrera algo semelhante com ele anteriormente. Maurice o convenceu que isso merecia ser melhor explorado, que um dom desses jamais poderia passar despercebido aos olhos do mundo e que se tinha muito a ganhar. De fato, as apresentações renderam mais, pois muitos queriam pagar para ver Nikola materializando, movendo objetos com a força do pensamento e até flutuando; e tais sessões, com durações variadas de uma a seis horas, exauriam o jovem profundamente. Maurice, que se congratulava pela descoberta, procurava tirar o sumo dos dons de Nikola, porquanto a promessa de fortuna era certa. Ivo Koen, em Belgrado, não aprovava a nova carreira do neto e quis que retornasse imediatamente. Porém, ele se deixara seduzir pela fama ora angariada, muito embora contrastasse com sua personalidade – o fascínio de suas habilidades agora descobertas, exerceram-lhe forte impressão.
   De 1864 ao ano de 1868 passaram assim, de cidade em cidade, estampando alguns jornais e revistas científicas, sendo alvo de descrédito, escárnio e perseguição. Não obstante, lograram o reconhecimento da multidão de curiosos que se assomava na entrada dos locais das sessões. Foi quando receberam um convite inesperado de um ilustre expectador – apresentarem-se à corte austríaca no Palácio de Schoenbrunn. O Conde de ***, autor do convite, de gênio impressionável e místico; velho e ignorado pelos seus pares, desejava vê-los reproduzir os fenômenos para o Imperador e prová-lo que nada daquilo era mentira. Nikola a princípio recusou; Maurice, contudo, empolgou-se com a notícia e de vistas na grandiosidade da ocasião, pensou, em sua ilusão megalômana, em possíveis títulos de nobreza.
   Foi no final de Novembro, em noite fria; Maurice e Nikola fizeram seu espetáculo para uma platéia seleta em uma das alas do Palácio. O judeu, magnetizado pelo francês, fazia adivinhações como o nome da esposa de não sei que ascendente de um nobre dali e qual as circunstâncias de sua morte; onde estavam guardados a carta, o anel, a caixa, etc; movia objetos e flutuava a milímetros do chão. Os presentes aplaudiam mais a um truque de mágica do que a manifestações mediúnicas. Uma pessoa, porém, ficou sensivelmente admirada e deu seus sinceros cumprimentos a ambos: era Amália, uma condessa de dezoito anos, de compleição diáfana e pele alva similar à porcelana; olhos grandes e azuis, cabelos negros, presos em fino toucado – uma bela princesa de traços marcantes e expressivos. Em curto período, Amália se envolveu nas sessões. Vestia-se com as roupas de alguma criada para escapar incógnita e assistir Maurice e Nikola. Tomada de certo encantamento, apaixonou-se pelo judeu. Mas Amália estava prometida a um oficial de alta estirpe da Hungria...

Continua...

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O PÉ GRANDE... Existe gente que acredita!


Este é um documentário exibido no programa American Paranormal da National Geographic, sobre a tentativa de provar cientificamente a existência do Pé Grande, uma lenda norte americana. Para os crédulos qualquer coisa é uma prova. Para os céticos, nem mesmo Deus e o Diabo dançando can-can na sua frente consiste em prova. E você o que acha? Confira!

PS.: Infelizmente não é possível acessar a parte 2 no nosso país, mas ela não prejudica o entendimento global. Felizmente, o documentário está sendo exibido no Brasil em português em diversos horários - CLIQUE AQUI!









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O Último Fenício IV



Capítulo IV 

   O Rio de Janeiro admirava pela sua natureza exuberante, seus contornos exóticos contrastando com o calor tórrido e a presença maciça de escravos nas ruas. Um certo ar nostálgico beirando a estagnação, o aspecto colonial e os avanços aos poucos introduzidos, despertaram a atenção de Nikola, dando-lhe a impressão de um tempo que passava mais devagar - o colorido da cidade e suas cantilenas estavam longe da frigidez de sua Belgrado. Ficaram ali mesmo nas imediações do porto, no hotel Pharoux e, uma vez instalados, Maurice instou no dever de achar de pronto o seu amigo inglês. Mas tal era o cansaço da viagem que acabaram por adiar o projeto para a manhã seguinte.
   O escritório da companhia de seguros ficava na Ouvidor, a vinte passos do Largo de São Francisco; para lá caminharam perto das dez, com um sol não muito amistoso a fazer de curto trecho um deserto intransponível. Carruagens, transeuntes, vendedores ambulantes, animais de tração, escravos de ganho; um movimento confuso em um dos mais importantes logradouros da capital. Maurice perguntava daqui e dali qual era a direção até que o acaso o abordou de forma abrupta:
-Maurice Corbeau, o que fazes aqui no Brasil? – Interpelou-o um homem bem trajado, aparentando mal chegar aos quarenta e com sotaque francês.
-Casimir? Há quanto tempo! – Respondeu Maurice algo aturdido.
-E então, vieste desfilar a tua patifaria aqui no Rio de Janeiro?
-Minha patifaria?
-Corrompeste o estudo mais nobre, desviaste o simples objetivo, obtiveste a resposta dos ganhos materiais, fizeste carreira e conhecimento em toda a Europa... Traíste-me! Não penses que farás o mesmo nestas plagas somente porque aqui não corre a tua fama! Vim para cá pelo fato de encontrar no Brasil pessoas sérias que buscam os fenômenos extraterrenos pelo bem da ciência! Não permitirei que venhas macular e enriquecer a custo de nosso trabalho – faço correr a tua fama em dois tempos!
-Ora, mas o que é isso? Depois de muitos anos sem nos vermos, é assim que me recebes? Esquece-te que fomos amigos e...
-Fomos amigos até o momento em que descobri seres um mistificador, explorador da confiança e boa fé alheias! E este aí, quem é? É o tal que te ajudaste a fazer fortuna na Europa? Tive notícias das apresentações – espetáculo de mau gosto! – E dirigindo-se para Nikola, perguntou: -rapaz, o que tens a ganhar na companhia deste homem? Não vês que ele só te explora? Ou será que ganhas também lá o teu quinhão?
-Não, senhor! – Retrucou Nikola sereno e resoluto – este homem, a quem chamas explorador e corrupto, salvou-me a vida!
-Muito bem, um fato a contar a teu favor no dia do Juízo, Maurice! Passar bem! – Casimir  seguiu e dobrou a esquina próxima. O francês sorriu um sorriso acanhado e Nikola o encarou fixamente para depois baixar as vistas e continuar na procura do endereço correto - não comentaram entre si aquele encontro constrangedor.
   O escritório funcionava em uma sobreloja e, em sua decoração, tudo recendia ao espírito britânico. Lá disseram que Christian deixara de trabalhar havia tempos e que se instalara em um cortiço no Morro do Castelo – fora mandado embora, mas não quiseram revelar por quê. Foi um tanto difícil chegar ao lugar que passara a habitar. Tomaram um carro que os levou a um ponto em que se podia deslumbrar-se com o panorama da Baía e da Serra; um prédio antigo e ruinoso ameaçava precipitar-se barranco abaixo. A portuguesa, senhoria do cortiço, apontou um quarto nos fundos e disse que lhe devia meses de aluguel. A cena no recinto era deprimente: o homem, de vestes ensebadas, ressonava alto no catre e pelo chão, umas dez garrafas de bebida espalhadas. As paredes estavam mofadas, o soalho, podre; o cheiro parecia insuportável.
-Christian, Christian, acorde! – Maurice sacudia o homem dando-lhe tapinhas no rosto. Christian mexeu-se, abriu vagarosamente os olhos, tentou fixar as vistas embaçadas e por fim disparou: - quem és?
-Ora, quem sou eu? Sou Maurice, esquece-te?
-Maurice? Maurice... Maurice... O que fazes aqui?
-Ah, seu beberrão miserável, não te lembras do que combinamos? – Maurice pegou um pequeno jarro de água que havia em uma mesinha e despejou seu conteúdo na fronte de Christian – acorda logo, miserável!
-É com este bêbado que pretendes fundar uma companhia? – Provocou Nikola.
-Fundar companhia? – O inglês fazia umas caretas enquanto se enxugava com a fronha do travesseiro – que companhia?
-Uma companhia de seguros para cuja sociedade o senhor convidou Maurice Corbeau, a montar-se nesta cidade por ser terra de negócios promissores! 
-Companhia de seguros? – Christian deu uma ruidosa gargalhada – que mentira andaste contando, Maurice? Mal tenho vintém para comprar essas garrafinhas aí, que dirá fundar uma companhia de seguros.
-Ora, seu bêbado ordinário! – Maurice catou Christian pelas bordas do paletó.
-Maurice, solte-o! Eu já desconfiava que tu mentias. Esse teu súbito interesse em fenícios, Cartago, Aníbal; aquele desenho da montanha de cume achatado, parecendo uma bigorna... É a mesma montanha que vi da entrada da barra!
-Ah, então foi isso que os atraíste até o Brasil, Maurice? Acreditaste mesmo nisso de tesouros escondidos? Ora, aquilo foi uma lenda que ouvi dos nativos...
-Nós nos encontramos em Paris, não te lembras? Falaste do tesouro, que poderíamos dividi-lo, que teria o suficiente para ambos ficarem muito ricos! Prometeste encontrar-me aqui no Rio de Janeiro e levar-me até lá! Deste inclusive o desenho feito da montanha por não sei quem! – Dizia Maurice entre os dentes e com ímpetos de esganar Christian.
-Lembro-me vagamente, mas lembro. É, de fato eu disse que haveria um tesouro fenício escondido... Queria montar minha própria companhia... Agora vês? Estou sem meu trabalho, sem tesouro e com dores na cabeça... Tolo fui eu em acreditar nessa lenda... E tu mais ainda por dar crédito a um – como é mesmo? – bêbado ordinário! – Christian mantinha o ar jocoso de um homem embriagado. Maurice soltou-o por fim e arremeteu-se contra ele armado de uma garrafa. Nikola impediu por pouco a agressão.
-Maurice, contenhas-te! Mais tenho eu motivos para dar com esta garrafa na tua cabeça! Mentiste acintosamente e para quê? Para mais uma vez explorar meus dons?
-Nikola, como podes?
-Queres que eu me desdobre tal como fiz em muitas sessões e ache para ti a entrada da montanha, não?
-Nikola, tens mesmo um dom poderoso. Veja: se nos ajudar, poderás ser um homem rico, comprar quantas lojas e fábricas quiseres em Belgrado e em todo o Império Austro-Húngaro! Basta que descubras o caminho... Não é algo difícil para ti!
-Não contes comigo! Se perdeste a fortuna que construíste em cima da boa fé alheia, não me diz respeito! Vais tu com teu amigo; procurem pelo tesouro sozinhos... Eu volto para Belgrado no próximo vapor! – Nikola saiu batendo a porta. 

Continua...

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AS MÁSCARAS DE CHUMBO

Esse caso está na nossa pauta. Embora, numa primeira análise seja ligado a ufologia, existem tantos detalhes misteriosos que permitem diversas possibilidades. Em breve...











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ANJOS CAÍDOS E AS ORIGENS DO MAL

Capa do livro Anjos Caídos E As Origens Do Mal

Com certeza, quase todo mundo que já pesquisou ou estudou algo sobre ocultismo, ouviu falar no misterioso "Livro de Enoque". Esta brilhante obra de Elizabeth Clare Prophet, transcreve o livro na íntegra, respeitando o texto admitido como verdadeiro em sua redescoberta na idade média. Apesar de sua formação espiritualista, a autora, comenta e explica o difícil simbolismo contido na obra com total neutralidade. Segundo o Gênesis, Enoque foi o homem privilegiado por Deus com a permissão de retornar ao mundo após a morte e revelar a seus filhos mistérios divinos que serviriam de alerta às futuras gerações. Seu livro é dirigido aos anjos caídos que habitavam a terra, aos homens que aqui também estavam, e ainda, a seus próprios filhos que deveriam zelar por esse conhecimento. São três parábolas iguais em quase toda a sua extensão, salvo pela parte onde Enoque se dirige a cada um de seus alvos. Elizabeth ainda transcreve os parágrafos desta obra que são encontrados em outros livros de diversas religiões.

O Livro de Enoque é a pedra fundamental para o ocultismo ocidental. Grandes ordens místicas como a Golden Dawn basearam seus estudos nas mesas de comunicação angelical, partindo de princípios fundamentais da teoria enoquiana.

Esse livro é o ponto de partida para estudo da Goetia, das Ordens Místicas Angelicais, e magia teúrgica. Elizabeth Clare Prophet cumpre perfeitamente seu papel de tradutora. Vale a pena!

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O Último Fenício III



Capítulo III

   Horas depois, Nikola despertou em seu camarote de número três, sob a vigília de seu amigo Maurice que velara todo o tempo por si.
- Mestre, fiquei preocupado contigo. Estás bem?
- Sim, pareço ter mergulhado em águas profundas da consciência, mas não tão escuras que não pudesse ver o que se passava... E a esposa do reverendo Johnson?
- Ela está bem, mas como...
- Eu vi tudo, Maurice, enquanto estive no quarto deles e agora ao dormir.
- Ah, Mestre, não deixaste de ser aquele médium de primeira categoria que conheci!
- O reverendo não estava de todo errado: a mulher dele está sofrendo o assédio de uma alma errante, a quem pessoas como o reverendo chamam demônio!
- Uma alma? E de quem é esta alma?
- A esposa do reverendo é bem mais jovem que ele e caiu em desgraça ao engravidar de um rapaz. Seu marido nunca soube que a mulher lhe traía, muito menos que tirou o filho que esperava por medo; é a alma dele que a perturba!
- Isto é fantástico, Nikola! Não perdeste as tuas faculdades! Eu sabia que eras a pessoa certa para... Bem, é...
- Certa para o quê?
- Ah, eu sabia que não era uma simples mágica, o que fizeste durante aqueles anos freqüentando os salões da aristocracia européia...
- Não estou entendendo... Estás escondendo alguma coisa de mim, Maurice?
- Não, não... – respondeu meio nervoso – creio que seja melhor levantares porque não tarda muito para servirem o jantar – desconversou.
- Maurice, por que o teu súbito interesse em fenícios? Eu vi que, além da vida de Aníbal, tens outro livro falando sobre a história daquela civilização e mais o desenho estranho de uma montanha de cimo achatado...
- Já te disse que não é nada que não um passatempo de viagem. Sabe? Eu nunca compreendi muito bem como se dava essa tua clarividência; como foste capaz de ver aquilo tudo?
- Quando a mulher tinha convulsões, percebi uma mancha escura pairando sobre ela, passando logo em seguida para o reverendo. E aí, ao tentar apaziguar os ânimos exacerbados de ambos, a mancha desapareceu pela parede onde estava a cômoda, provocando seu movimento brusco. Senti que meu espírito abandonava o corpo e conduzia-me ao passado, pude ver tudo o que te narrei aqui. Por isso desmaiei e permaneci desacordado...
- Isto é fabuloso!  - Maurice possuía um brilho diferente nos olhos – bem, está na hora de vestires tua casaca, vamos ao jantar!
   Assim que adentraram o salão, a esposa do reverendo levantou-se de sua mesa e, pondo-se diante dos dois amigos, iniciou mais um ataque dos nervos:
- Foram esses homens! Foram eles! – Gritava para os presentes – Este aqui invoca demônios – apontou para Maurice – foi ele quem colocou o demônio atrás de mim! E este outro, este outro é um assassino! Pensas que não sei que foste tu quem mataste aquela moça? A Europa inteira sabe que tu és um assassino! Assassino! – Maurice e Nikola se olharam consternados e o reverendo veio logo conter a sua esposa, conduzindo-a a muito custo para o quarto. Nikola retirou-se e o capitão veio desculpar-se com Maurice, prometendo que cenas como aquela não se repetiriam em seu navio.  O francês voltou para o camarote e encontrou Nikola chorando:
- Não fiques assim, Mestre! O capitão garantiu-me que o reverendo e sua esposa descerão em Lisboa. Aí poderemos seguir em paz para o Brasil...
- Não entendes? Meu passado me segue aonde for! Também posso sofrer esta humilhação tal como sofri hoje aqui caso reconheçam-me lá! Melhor ficar em Lisboa também e retornar para meu quarto de hotel em Belgrado...
- Mesmo trancado em um quarto de hotel, teu passado não te abandonarás! Não vês que ir para o Brasil é a chance de começar uma nova vida? Lá ninguém te conhece!  Não é a toa que chamam o continente americano de Novo Mundo! Portanto, deixa teu passado no Velho, Mestre!
- Talvez tenhas razão, Maurice, talvez tenhas razão! – Nikola acalmara-se.  
   Maurice Corbeau era francês oriundo de uma família remediada de Besançon. Seu destino quase deu no seminário, mas um tio de posses custeou seus estudos em Paris. O curso de Medicina serviu-lhe como a fuga de um fim medíocre, tal era sua consideração pelo ofício eclesiástico. Sua personalidade irascível, sua crítica mordaz jamais consentiriam que dormisse sequer uma noite debaixo do teto de um seminário. Preferia a liberdade das tavernas, dos debates inflamados, das idéias subversivas – também a bebida e o jogo. Contudo, seu porte esguio, a cabeleira negra, ar impoluto de duque emprestavam-lhe austeridade. Nesses dias de Paris é que soube das manifestações que projetavam objetos e faziam mesas girar. Compareceu em uma dessas reuniões e não mais saiu. Tornou-se, por assim dizer, um estudioso, envolvendo-se com o magnetismo mesmeriano. Passou ele mesmo a conduzir as reuniões e a ‘exportá-las’ para outros cantões da Europa. Foi em Viena que conheceu Nikola e, vendo nele um médium poderoso, fizeram carreira na Áustria, França, Itália, Espanha, Inglaterra e quase atravessaram o Atlântico para se apresentar nos Estados Unidos.  Maurice angariou vultosa soma e, não fossem os acontecimentos nos quais Nikola esteve metido em Viena, teria ganhado muito mais. Uma vez instalado em Marselha, perdeu boa parte em investimentos malogrados no ramo de exportação, caindo em poucos meses no ostracismo. A Medicina mal podia sustê-lo. Se Nikola era sisudo, Maurice era inquieto; naquele ano de 1871, contavam vinte e sete e trinta e quatro anos respectivamente.
- Meu avô nunca aceitou que eu tivesse esses poderes; ele era judeu ortodoxo e condenava-me nas cartas que mandava pelos meus prodígios e o modo como fazia saber a todos! – Iniciou Nikola – em pensar que fui a Viena como caixeiro para cuidar dos negócios de meu avô... Ah, se minha curiosidade não me levasse àquele salão, jamais o teria conhecido... Quem sabe até se jamais houvesse conhecido Helga?
- Hoje serias um caixeiro! Ora, Nikola, não te lamentes! O passado é irrevogável! Se não houvesses entrado naquele salão, não seríamos amigos, hein! Em algumas horas estaremos em Lisboa, depois iremos direto ao Recife e de lá para o Rio de Janeiro! Sabia que o Brasil é um Império? Viste? Trocarás apenas de Imperador, mas não de Regime! Dizem que lá é muito quente... Bem, não importa, tenho vistas na fortuna que faremos!  - Maurice se entusiasmava e Nikola apenas sorriu-lhe.
   Semanas mais tarde, Nikola teve outro pesadelo. Subiu à tolda para tomar os ares da madrugada e deparou-se com a silhueta de estranha montanha ao longe...

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O Último Fenício II



Capítulo II

   O corredor estava escuro, mas conhecia a direção da porta. Quando os gritos recomeçaram, catou a picareta que estava ao seu lado e correu o mais que pôde. Sabia exatamente o que fazer: seus olhos, ainda que com muita dificuldade, lograram divisar os contornos da porta. Subiu o pequeno lance de escada e cravou a ponta de ferro na madeira, desfazendo-a em pedaços. Quando tentou atingir a parede por detrás, ouviu-se retinir como se fosse feita de metal. Por mais esforço que fizesse, a parede não cedia – só se ouvia o reverberar semelhante ao dos sinos, misturando-se com o terrível choro de desespero. A picareta partiu-se feito vidro em suas mãos...
   A boca se abriu, mas o ar não veio; a garganta parecia agrilhoada por mãos invisíveis – sufocava! O peso no peito, as vistas nubladas, os braços batendo-se violentamente no ar. Inopinadamente, tudo desapareceu! Saltou da cama, correu até o jarro disposto na cômoda, bebeu a água em goles grandes e banhou a nuca com o que restou – “ainda morro disso” – pensou. Recuperando-se gradualmente, foi vestindo as peças de roupa, uma a uma, cantando cantigas em hebraico para distrair-se da lembrança vívida do sonho – “quando, meu Deus, isso deixará de me perseguir?”
   Nikola Koen era um judeu de origem sérvia. Não se tem notícias de seus pais e nem como seu avô chegara a Belgrado. Dizem que migrou da Rússia; o fato é que o velho Ivo fizera alguma fortuna com a loja de tecidos, onde vendia seda e linho de excelente qualidade. Criou Nikola com certo conforto e desde cedo tentou fazê-lo um homem do comércio. O rapaz, porém, nunca fora afeito ao serviço de caixeiro a que Ivo lhe incumbira. Metia-se com livros o quanto podia e fugia das obrigações religiosas. O velho achava ruim, mas terminava por perdoar-lhe. O escândalo, no qual o neto se envolvera em Viena, matou o avô de desgosto; e Nikola, assim que se livrou da dura pena, vendeu os seus bens, recuperou o dinheiro da herança e trancou-se em um quarto de hotel. Sua personalidade nunca fora expansiva. Era antes recolhido em seus pensamentos e reservado. Após todos aqueles acontecimentos, Nikola adotou um ar ensimesmado e soturno, agravando mais os traços que possuía. Alto, de tez alva e um início de calva, jamais se casara. Ou Melhor: jamais admitiria se casar com mulher que não fosse Helga. Foi ele quem viajou até Marselha e tomou o camarote de número três no vapor que seguia para o Brasil. O ruído no outro camarote denunciava que seu amigo já estava de pé.
- Entre, a porta está aberta! – Disse a voz vinda do interior – ah, és tu, Nikola? Pensei que fosse o serviço que mandei vir. Dormiste bem?
- Não, não dormi... Parece que está piorando: agora me vejo com uma picareta nas mãos e tento derrubar a parede. Mas a parede é de metal! Algo queria me sufocar. Livrei-me a muito custo!
- Então agora tens uma picareta e tentas derrubar uma parede de metal?
- Sim, e a picareta se parte!
- O sonho parece que evolui... Como em uma história!
- Talvez... Isso só pode ser um sinal...
- Não, não há sinal algum. É apenas a tua mente que não conseguiu livrar-se de tudo o que se sucedeu em Viena.
- Não queres mesmo reconhecer, não é? Pode ser que Helga queira falar algo comigo... Ela está em perigo...
- Quantas vezes terei que te dizer que ela está morta? Tu mesmo viste, com esses teus olhos, o tiro que ela levou!
- Por favor, não me faças recordar isso!
- Perdoe-me.
- E tu? Estás aí a fumar charuto, a tomar um grogue... E que livro é esse?
- Ah, um livro que fala sobre Aníbal e Cartago. Se o livro não for bom, ao menos desta vez o fumo e a bebida são de primeira, queres experimentar?
- Não, obrigado... Não sabia que te interessavam os cartagineses.
- É só um passatempo, a viagem é longa e... Hum, estás ouvindo? Que burburinho será esse? – Levantou-se e saiu para ver o que era. Nikola reparou que havia ainda um livro sobre a História dos fenícios, em cima de uma mesinha, e o desenho estranho e disforme do que se assemelhava a uma montanha de cume chato. Não pôde se deter muito naquilo porque logo o outro lhe chamou: - venha depressa, Nikola!
   A duas portas dali, uma mulher se agitava na cama, tendo horríveis convulsões. Seu esposo, auxiliado por dois tripulantes do navio, tentava contê-la, debalde. Ele rezava e, empunhando o livro sagrado, tentava expulsar o que dizia ser ‘demônios’. No lado de fora do camarote, uns curiosos já se juntavam. Assistindo a tudo impressionados, Nikola e o amigo abriram passagem – não sem certa dificuldade – e este ofereceu seus préstimos.
- Com licença, eu sou médico, eu posso ajudar...
- Não, não podes! – Disse o esposo ao se voltar – eu sei muito bem quem o senhor é! É o tal de Maurice Corbeau, o magnetizador... Ou melhor, o mistificador! Minha mulher está possuída por demônios e isso se deve à sua presença neste navio!
- Senhor, antes de ser magnetizador, eu sou médico! Por favor, deixe-me ajudar a sua esposa!
- Não encoste nela! Nós o vimos andando na tolda; ela disse sentir medo do senhor porque conhecia a sua fama! Eu sempre a adverti que nessas reuniões, das quais o senhor participava, invocavam o demônio! E agora está aí a prova: foste tu que colocaste o demônio no corpo dela! – Proferiu estas palavras entre os dentes e o semblante rubro denotava raiva. Ergueu novamente o livro sagrado e disse: - vai-te daqui, demônio! Vai-te daqui!
Nikola meteu-se entre ambos para evitar que a contenda recrudescesse. Neste instante, a cômoda tremeu, arrastando-se para adiante, derrubando no chão tudo que estava sobre ela. A mulher sossegou de imediato e Nikola, desmaiou.

Continua...

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O Último Fenício I

   A partir de hoje, a página do Projeto Neblina terá uma sessão para todos aqueles que gostam de Literatura Policial, de Realismo Fantástico e Suspense. O conto a seguir é o primeiro capítulo de uma série que será publicada continuamente. Esperamos que apreciem e comentem.

 ***





Capítulo I

   Naquela manhã fria de Belgrado, acordou transpirando; desta vez o pesadelo parecera tão real que o fez sentir faltar o ar, despertando com tamanha violência que, se a cama não fosse larga, certamente, ao se debater, cairia. Suas vistas embaciadas mal percebiam a claridade do dia enquanto os pulmões arfavam, sorvendo oxigênio com avidez; ouviu imediatamente um leve soar na porta e, trêmulo, levantou-se, vestiu o roupão e foi ver quem era: um criado do hotel trazia um telegrama. Suas mãos brancas abriram delicadamente o envelope e ali se lia breve mensagem: “mestre, encontre-me em Marselha em dois dias. Tenho nova proposta. M.’’ - Sabia muito bem de quem era aquela mensagem e podia até imaginar a que proposta se referia. Todavia, os acontecimentos recentes de sua vida o faziam querer fugir de todo e qualquer caso que se tratasse de mistérios. Afinal, despendera tanto tempo na tentativa de solucioná-los, recebendo muita amofinação e nenhum dinheiro. A sua felicidade é que contava com uma herança de família e vivia à farta. Amassou o papel, mantendo-o cerrado na mão esquerda. Recordou assim a terrível imagem que o vinha perseguindo havia várias noites: a escada de três degraus terminando em uma porta que dava para a parede nua. E detrás dela, ouviam-se gritos abafados pela sólida camada de tijolos - teve vontade de chorar. Após soltar o papel em cima da mesa de mogno, mergulhou as mãos na água da tina, lavou o rosto, depois sentou-se na poltrona, acendeu um charuto e pôs-se a meditar durante largos minutos. Por fim, vestiu o paletó e saiu para almoçar. Quando retornou, já estava decidido: “eu vou!”- disse de si para si.
   Deixou o hotel, o Império Austro-Húngaro, sua política e a terra onde nascera e fora perseguido – onde perdera um grande amor. Chegou a Marselha no tempo esperado e, por sorte, soube de habitantes locais onde encontraria seu amigo: foi em uma taverna perto do porto. Lá estava o homem responsável pela sua viagem. Fumava cachimbo, expelindo grossos rolos de fumaça azulada e de cheiro adocicado. Entretido com o jornal, deu pequeno gole no cálice de vinho barato sem reparar na presença do outro.
- Quem o vê fumando este cachimbo e tomando vinho, pensa ter diante de si um fidalgo de modos refinados. Mal sabem que o fumo é ordinário e o vinho, de péssima safra! – disse o que acabara de chegar, interrompendo a leitura daquele homem, fazendo-o erguer os olhos.
- Arre! Este vinho tem gosto de vinagre e o fumo deve estar misturado com esterco! Mas ninguém precisa saber disso – retrucou o homem rindo – dê-me cá um abraço! Pensei que não o veria mais, folgo em sabê-lo vivo e bem!
- Vivo estou... Bem já não diria...
- Ainda aqueles pesadelos?
- Sim, estão cada vez piores e mais freqüentes. Parecem de tal maneira real que custo a conseguir acordar e, quando acordo, sinto pressão nos pulmões e vertigem; meu coração fica aos pulos!
- Percebo que estás abatido...
- Talvez o cansaço da viagem e...
- Não, não é o cansaço. Eu conheço muito bem esses sonhos, sei o quanto agem sobre nosso corpo. Mais: sei como dominam a nossa mente e, no seu caso, sei o porquê de terem tamanha intensidade.
- Imagino o que irá dizer: que devo esquecer Helga! Eu não posso esquecê-la! Não posso!
- Helga está morta. Não podes trazê-la de volta...
- Como não? Nós quase conseguimos, lembras-te? Eu vi, eu vi...
- Viste um espectro, uma mancha, uma névoa! Aquela definitivamente não era Helga!
- Nós podemos tentar repetir a experiência e...
- Não, eu não o chamei a Marselha para isso! Há meses deixei esse tipo de experiência para trás!
- Então por que fizeste-me empreender essa viagem de Belgrado a Marselha? Qual o propósito?
- Bem, há alguns meses, exatamente no período em que deixei os estudos dos fenômenos extraterrenos, encontrei um amigo inglês em Paris e ele me ofereceu sociedade na companhia de seguros que pretende fundar no Brasil.
- No Brasil?
- Sim. Ele sabia de minha situação e de minhas malfadadas incursões no ramo de exportação; perdi muito dinheiro com isso e não posso mais viver do nome que construí aqui na Europa! Os salões aristocráticos não se abrem mais para mim... De sorte que resolvi aceitar... Embarco depois de amanhã...
- E onde entro nisso?
- Irás junto! Trabalharás comigo na companhia!
- Queres que eu vá para o Brasil e trabalhe contigo na companhia de seguros? De modo algum! Ir para o Brasil está fora dos meus planos!
- Pense bem! Será melhor deixares a Europa e todas as recordações amargas que só te fazem mal! Eu soube que estás escondido em um quarto de hotel, que tens algum luxo, mas pouco sais, pouco vives! Estás a cada dia mais adoentado e abatido! Assim acabas por morrer!
- Não posso, já disse! Se eu for, estarei abandonando Helga!
- Helga está morta! – Gritou dando um soco na mesa e, agarrando o outro pela lapela do paletó, prosseguiu: - Helga está morta! Veja, no Brasil poderás esquecê-la, terás a oportunidade de ficar rico, entendeste bem? Rico!
- Eu tenho uma pequena fortuna que me foi deixada de herança, tu bem o sabes! Não preciso de mais!
- E quando acabar, hein? Ademais, agora é tarde para recusares: reservei dois camarotes no próximo vapor!
- Estás louco! Não vou, não vou!
- A França está em guerra com a Prússia, há rumores de um novo levante em Paris; não demora muito e esse conflito se alastra. És tão desprezado naquela tua terra que mesmo a força do ouro não é capaz de comprar a tua paz e...
- Eu não vou, esqueça! Ouviu bem? Esqueça!
- Tudo bem – respirou fundo – eu vou sozinho. Retornes para aquela terra miserável, para que aquela sociedade podre te pise assim como a família de Helga que não tolerava judeus; vais viver com tua morta e lastimes eternamente o dia de tua humilhação...
- Este tem sido o meu alimento...
- Pois bem, quem sabe se ela viva não trocasse contigo e agora estarias tu debaixo da terra?
- Não me caberia de tamanha felicidade – respondeu com voz esganada, mirando as próprias botinas. 
- Estou na hospedaria aqui ao lado, caso mude de idéia – colocou a cartola e saiu.

***

O vapor largou rumo ao Brasil; na tolda, dois amigos davam adeus ao porto de Marselha...


Continua...


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Hospital Abandonado - RJ (Vídeo Documental 3/3) - FINAL

Última parte do vídeo que mostra o trabalho de pesquisa feito entre os dias 19/05/2010 e 23/06/2010 em um hospital abandonado no Rio de Janeiro.


Durante as tres visitas que fizemos ao local, quase nenhuma atividade foi registrada.
Apenas dois pontos interessantes permaneceram sem uma explicação clara do que pode ter acontecido.
O primeiro deles aconteceu no vídeo 2, quando a câmera infravermelha registra a presença de um foco luminoso que não estava lá. O segundo é mostrado neste último vídeo: nós instalamos algumas câmeras fixas em quartos separados do hospital e no momento em que nos afastamos desses locais para recarregar as baterias que estavam acabando, uma das câmeras gravou o barulho de passos entrando no quarto e se aproximando dela.
Dois fatos interessantes, mas que não justificam uma volta ao local.
Não parece haver nenhuma atividade constante alí, muito menos algum tipo de infestação.
Os relatos sobre a mulher que passaria nas janelas do corredor do segundo andar e o homem sangrando que aparece no hall, não puderam ser confirmados. Não observamos nem estes, nem outros tipos de aparições no prédio.

Conclusão:
Este lugar é extremamente tranquilo e nada do que aconteceu comprova que haja uma atividade constante. Assim como qualquer lugar inerte, este prédio deve receber espíritos que passam por ele e vão embora...
Mas este lugar não é mal assombrado.

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GLOSSÁRIO

Esta é uma publicação de termos, "mais ou menos técnicos", que são usados neste blog em diversas postagens:

Pantomnésia: Capacidade do Inconsciente de se lembrar de tudo.Talento do Incosciente. Inteligência e raciocínio do Inconsciente.
Xenoglossia: Falar línguas diferentes ou desconhecidas do Consciente. Não confundir com glossolalia que é a língua das criancinhas (balbuciar) e manifestações histéricas.
Fotogênese: Luminosidade causada pela telergia.
Telergia: Exteriorização e transformação das energias fisiológicas de modo Inconsciente. Energia vital dirigida na sua exteriorização pelo psiquismo inconsciente.
Psicofonia: Sons, vozes, músicas realizadas de modo inconsciente pela telergia ou ectoplasma.
Tiptologia: Batidas ou raps realizadas de modo inconsciente pela Telergia.
Telecinesia: Movimentos de objetos pela Telergia.(Fenômeno das "casas mal assombradas").
Pneumografia: É o termo utilizado para designar os fenômenos de raspagem, escrita, desenhos sem causa aparente, por causa parapsicológica.
Aporte: Fenômeno Parapsicológico em que a telergia exteriorizada desmaterializa e depois materializa novamente objetos; fazendo-os atravessar muros e outros obstáculos. (pedras caindo "do nada", agulhas no corpo, lágrimas e sangue em imagens, etc).
Dermografia: A dermografia é uma ação cerebral sobre o sistema nervoso simpático que comanda os corpos capilares da pele. A seleção destes corpos em vias de representar um desenho, é uma "maravilha" bem fora da fisiologia normal. Agem em estados normais, de transe, de hipnose ou de exaltação profunda. É um fenômeno especial, à margem da fisiologia normal, parapsicológico.
Levitação: Fenômeno em que a pessoa sustenta o próprio corpo no ar sob a ação da Telergia. Sempre do próprio corpo e nunca levitando o corpo de outra pessoa.
Osmogênese: Como todo fenômeno parapsicológico de efeitos físicos, a osmogênese se deve à exteriorização e transformação da energia somática. Esta energia que, segundo os físicos, é uma só com diversas transformações. Em determinadas circunstâncias parapsicológicas a telergia deixa de ser tecido humano, ou térmica, ou motora, etc, e se transforma em energia odorífica.
Escotografia: Fotografias ou filmagens do pensamento. O inconsciente em raras ocasiões pode emanar imagens telérgicas invisível ao olho nú, mas possível de impressionar o filme(película) da máquina fotográfica ou filmadora.
Ectoplasmia: Exteriorização visível da Telergia.( Fantasmas, aparição de objetos ou em formas de membros do corpo).
Fantasmogênese: O inconsciente pode moldar em raríssimas ocasiões, imagens ectoplasmáticas em forma de uma pessoa inteira. (fantasma)
Ecto-Colo-Plasmia: O inconsciente molda imagens ectoplasmáticas de membros do corpo, partes de objetos, etc...
Psi-Gamma: Faculdade Parapsicológica que ultrapassa o tempo e espaço, possibilitando a telepatia e outros fenômenos; também chamada de ESP (Percepção Extra Sensorial) ou Conhecimento da Alma ( de Psico-Gnosis, as primeiras letras gregas).
Precognição: Conhecimento psigâmico do futuro (sempre um fenômeno incontrolável, involuntário e inconsciente).
Simulcognição: Conhecimento paranormal do presente.
Retrocognição: Conhecimento paranormal do passado.
Telepatia: Fenômeno no qual a pessoa capta psigamicamente pensamentos ou desejos de outra pessoa.
Clarividência: Fenômeno no qual a pessoa capta psigamicamente acontecimentos físicos.

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A PROFECIA CELESTINA


Esse é o pai do "Segredo" e de muitos outros livros de auto-ajuda, auto-estima, e outros "autos". É um romance muito bem escrito, passado nas montanhas do Peru, nas redondezas de Machu Pichu, que aborda brilhantemente temas como sincronicidade, transcendência, causa e efeito através do pensamento, alimentação energética, além de contar a história como se fosse um "thriller" com fugas da polícia, da igreja, perseguições e etc. Seu autor James Redfield, é um ativista a favor do meio ambiente e de outras causas em favor do planeta. Ele se coloca como personagem principal do livro pois narra a história em primeira pessoa. É um homem cético e pouquíssimo inclinado a questões espirituais. Esse ponto é extremamente positivo pois traz diversas dúvidas do homem comum sobre as questões descritas na obra. De um modo geral são respondidas. O livro tem também, uma incrível teoria sobre a visualização de auras estar ao alcance de todos. Muita gente boa disse ter testado e aprovado. Para quem gostar desse, vale tambem a leitura da Décima Profecia e do Segredo de Shambala, que dão continuidade e se aprofundam nas teorias abordadas no best seller. O circuito que envolve A Profecia Celestina, ainda conta com um livro de práticas chamado "A Visão Celestina", um CD com boas músicas para meditação e um equívoco. Este fica por conta de um péssimo filme lançado sobre o livro, que fica muito distante do prazer proporcionado pela leitura.

Boa Leitura!

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EXORCISMO REAL

Esse é o melhor video sobre um exorcismo praticado diante das câmeras. Note que a mulher possuida fala em três idiomas: Espanhol, Inglês e Português. Um outro ponto importante, é que em dado momento, a entidade que está no corpo da mulher começa a chamar o padre exorcista de bruxo. Ela percebe que ele está pondo em prática o seu esquema ritualístico, que embora não apareça no vídeo, é cercado de práticas de magia enochiana. No vídeo pode ser visto o uso do elemento agua como purificador do espírito e tambem da invocação do nome do demônio, um dos rituais mais antigos que existem, oriundo da era de Salomão. Barra pesadíssima!